Segundo LA ROCCA & JAHNIGEN , os pacientes geriátricos com câncer e aqueles submetidos à terapia de câncer têm um risco aumentado para problemas orais. É estimado que 40% dos pacientes que recebem tratamento intensivo de câncer sofrem de complicações orais, já que muitos estão mal-nutridos, o que afeta a cicatrização e diminui a resistência a infecções, que com certeza é esperado em pacientes caquéticos ou com grande perda de peso.
Mesmo uma baixa dose de 200 rads de radiação na cabeça e pescoço tem mostrado efeito de uma diminuição do fluxo salivar. Também muitos dos agentes quimioterápicos levam à boca seca e ambos acabam agindo como imunossupressores, levando os pacientes para um alto risco de dano patológico nos tecidos moles(*18).
Idealmente, dentistas e médicos devem coordenar o tratamento odontológico prévio à radioterapia/quimioterapia, aproveitando uma condição bucal favorável, antes de ocorrerem os problemas bucais citados nos parágrafos anteriores e havendo urgência de iniciar estas terapias, deve-se até optar por internação hospitalar para uma rápida realização das muitas tarefas odontológicas exigidas no caso, ponderando os perigos envolvidos na aplicação de anestesia geral. Estes atos devem criar condição bucal adequada, com boa escovação e controle de placa e dieta, somada a medidas preventivas extensivas à família e pessoal auxiliar.
PEREZ & BRADY afirmam que dentes muito cariados devem ser extraídos previamente às terapias, mas os sadios devem ser mantidos, associados a medidas preventivas bastante eficientes, chave do sucesso bucal pós-terapia, lembrando que a cárie dental – não tratada e bastante profunda – será sempre uma rota de infecção que pode levar a uma necrose no maxilar ou na mandíbula.
Todo este cuidado preventivo pré e pós-terapias se reveste da maior importância já que a possibilidade de leucopenia, estados anêmicos e propensão a infecções são fatos críticos a ser considerados. A simples indicação de antibióticos, em um organismo tão abatido pela doença, pode levar a repercussões gastrointestinais muito mais sérias que nos demais pacientes, realçando o papel do intercâmbio entre os profissionais que assistem ao paciente.
Outro problema decorrente da radioterapia é, segundo FISCHMAN , o aparecimento de osteorradionecrose, especialmente na mandíbula, com destaque para os pacientes dentados (pelos conhecimentos daquela época) e menor incidência para os desdentados, o que levou muitos oncologistas a propor a avulsão de todos os dentes antes de iniciar a radioterapia. Autores mais atuais, como PEREZ felizmente (à luz da ciência da psicologia – mutilação física e psicológica "sem dentes e com câncer") este enfoque radical não é mais realizado (somente para dentes comprometidos ou com focos reais de infecção).
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